terça-feira, 13 de janeiro de 2009

6 tipos


Parece que terminaram, para já, as grandes obras de conservação e recuperação do chamado centro histórico do burgo. Para além de outros pontos comuns, constata-se que todos os projectos contemplaram a plantação de mais árvores em todos os espaços públicos.

Mas o curioso foi ver, num largo onde não houve obra, o desaparecimento de uma árvore centenária. Será que ninguém reparou que a grande palmeira do largo da marinha, entalada entre o “rodízio” e o “filipe”, desapareceu? A verdade é que esta palmeira provocaria algum incómodo na arrumação das esplanadas, pelo que o melhor terá sido abatê-la… sem dar nas vistas… porque o importante é o espaço público, as esplanadas e a qualidade do serviço ao cliente…

As esplanadas…

A tesoura de atarracar considera importante relembrar a todos que, uma esplanada, é um espaço ao ar livre – tipo um terraço – onde se dispõem mesas e cadeiras para tomar uma bebida ou uma refeição. Podem ainda ter zonas de ensombramento, produzido pelas copas das árvores ou por chapéus-de-sol. Às vezes, por serem pequenas, as esplanadas podem ainda dispor de um pequeno toldo de ensombramento, acoplado ao edifício, que é desenrolado ou enrolado conforme a necessidade de sombra. Por norma, as zonas de esplanada, em dias chuvosos e de vento, não existem. São sempre estruturas amovíveis ou seja, são transitórias, podem ser removidas a qualquer momento, não vá vir uma trovoada repentina.

Claro que este conceito de esplanada é para alguns sítios de Portugal e do mundo, e não se aplica a zonas como Sesimbra. Aliás, Sesimbra enriqueceu o dicionário da língua portuguesa com um novo conjunto de conceitos de esplanada:

Existem pelo menos, seis tipos de esplanada:

A tenda – tipo de esplanada utilizada em casamentos (e que a edilidade já adoptou para a organização de eventos tipo “feira do livro”), composta por uma estrutura em aço (que dizem ser amovível) e telas transparentes, com janelas ou janelinhas e uma ou várias portas de entrada/saída. É a esplanada ideal para o restaurante que quer uma segunda sala de refeições. Se o calor apertar, é possível enrolar as laterais, para correr uma aragem (como fazem os campistas nos seus avançados de roullotes).

O aquário – tipo de esplanada que começa a ganhar adeptos, pela qualidade de materiais e redução dos custos de manutenção. É composta por estrutura em ferro e vidro, e é a ideal para o chamado “restaurante de qualidade”, onde os clientes são tratados como verdadeiros lords, já que a estrutura permite a existência de ar condicionado, tv, música ambiente,… como tem ar condicionado, o problema do calor não se põe… mas para os clientes mais exigentes que gostam de apanhar uma aragenzita nas noites quentes de Agosto, há janelas que se podem abrir, ao gosto do freguês.

A casa – tipo de esplanada construído sobre uma placa de betão, composto por uma estrutura de madeira (para dar um ar rústico amovível) e painéis em vidro. Lá dentro e por ser uma casa (em espaço público), as condições são excepcionais: o chão é em madeira, as paredes têm fotografias, tem tv, ar condicionado, zona de balcão, arcas frigoríficas, zona de preparação de alimentos, louceiro e claro, mesas e cadeiras para o cliente se sentar. É o tipo de esplanada para o comerciante que quer meter o rossio na rua de betesga, isto é, como o espaço comercial que adquiriu é diminuto, há que ocupar, mesmo nas nossas barbas, o espaço que é de todos com uma “estrutura amovível” de classe.

O toldolaterais – tipo de esplanada que permite o encerramento temporário do espaço público, em dias de chuva e vento. É o tipo de esplanada preferido pelos comerciantes que já não estão para se chatear muito. Têm uma boa sala de refeições e o cliente que quer ficar na esplanada em dias de chuva, até acha graça aos pingos que vão caindo e ao barulho do vento nas laterais.

A caixa – tipo de esplanada composta por chapas de aço e estores metálicos com cadeado, geralmente pintada de branco. Aqui não há ar que entre. O cliente sente-se enclausurado, asfixiado mas, não sente ventos nem chuvas. É o tipo de esplanadas utilizados pelos comerciantes que apostam na segurança dos clientes.

Depois, há os palermas dos restantes comerciantes que continuam a montar e desmontar as suas esplanadas diariamente: põem as mesas, as cadeiras e os chapéus-de-sol. Se vier vento, arrumam tudo. Se chover, arrumam tudo. Se o dia estiver bom, quando fecham, empilham tudo dentro da sala do restaurante ou então, empilham tudo num cantinho com uma corrente e cadeados.

Será que ninguém ainda viu o arraial da praça da califórnia? Será que ninguém viu ainda a rebaldaria do largo da marinha?

A tesoura de atarracar atreve-se a lançar um desafio: já que os eleitos pelo povo e os funcionários da autarquia não conseguem ordenar este desordenamento, não haverá nenhum assessor ou assessores, ou tacho ou tachinhos, que ponha ou ponham, cobro nisto?

A tesoura de atarracar, sugere à edilidade que disponibilize o autocarro para que os seus assessores, tachos, tachinhos e afins, façam uma visita de estudo a algo verdadeiramente inovador e de qualidade duvidosa, de um extremo mau gosto e que ainda não chegou às esplanadas pexitas mas que já existe nalguns dos concelhos limítrofes: “coberturas telescópicas”. São aquelas estruturas que servem para cobrir as piscinas e que transformam o espaço público num amontoado de alumínio termolacado, com módulos transparentes, que vão ficando embaciados com o calor dos corpos e com os bafos da respiração dos clientes, que transformam o almoço numa experiência nova inesquecível, onde se perde a noção do tempo real. Ninguém sabe se chove ou se está sol. Quando se tenta ver a rua, é um nevoeiro cerrado com pequenas gotículas que escorrem pela estrutura, directamente sobre as nossas cabeças e pratos…

Aqui está uma ideia digna de um qualquer tacho ou tachinho e que impulsionaria Sesimbra para um novo conceito de apropriação do espaço público, que fomentaria sem qualquer dúvida o tal “turismo de qualidade”...

Já imaginaram o que seria a zona ribeirinha da expo, se de inverno, os restaurantes montassem tendas nas suas esplanadas?

Mas será que ninguém tem coragem de fazer frente aos comerciantes? Mas são eles que mandam no espaço público? Ou a edilidade está tão desesperada por receber dinheiro que, uma tendazinha aqui ou um aquáriozinho ali, significa mais receita?

Não seria mais fácil elaborar uma solução conjunta, com o mesmo tipo de materiais, para esplanadas em espaços ao ar livre, onde existiriam mesas e cadeiras para tomar uma bebida ou uma refeição, com zonas de ensombramento dignas e apelativas? Haverá apenas que fazer regras para uma ocupação de espaço público que hoje, não tem regras. Aos comerciantes, para quem está sempre “mau”, cabe-lhes apostar numa solução de qualidade que dignifique em primeiro lugar, o restaurante, o espaço público, a envolvente urbana, a rua e Sesimbra.

Qual será a posição dos ilustres politico-candidatos para resolver esta anarquia? Lá vamos nós ouvir ou ler, mais uma frase feita ou conversa de algibeira, do género:
“Sesimbra tem que pensar num turismo aliado às suas tradições, onde o comércio local, nomeadamente os restaurantes, desempenhem um papel preponderante como animador e potenciador do espaço público. As esplanadas localizadas no centro da vila merecem uma maior atenção que satisfaça o interesse de todas as partes”.

E para terminar: será algum anónimo capaz de classificar a esplanada do sr. do restaurante que ganha dinheiro para ler blogs?



terça-feira, 6 de janeiro de 2009

NON, OU A VÃ GLÓRIA DE MANDAR


A tesoura de atarracar anseia pela abertura oficial da época dedicada às campanhas eleitorais e a clarificação de algumas questões que suscitam dúvidas a todos. Por exemplo:


De que lado irão estar os assessores socialistas que mantiveram os tachos com os comunistas?


Será que sairão em campanha, orgulhosos na sua bandeira socialista, chamando a si os eventuais louros de um hipotético trabalho que terão produzido, esquecendo os comunistas que lhes asseguraram durante 4 anos os tachos bem pagos e com regalias como mais ninguém?


Será que sairão em campanha, apoiando os comunistas pois, como diz o velho ditado “não se cospe no prato onde se come”, esquecendo os socialistas e renegando as suas ideologias partidárias?


Ou será que vão ficar quietos e calados porque o importante é tentar manter os tachos por mais 4 anos, independentemente de qual o partido que irá vencer o acto eleitoral?


Ou será ainda que conseguirão apoiar os dois lados, num chamado “jogo duplo”, de forma “clara”, “equilibrada” e “justa”, porque se ganharem os socialistas ou os comunistas, vendem a ideia de que são peças “fiéis”, “confiáveis” e “imprescindíveis”?


Mas depois, ainda há os outros, que não têm um tacho mas gostavam de ter. Gostavam até de ser assessores ou vereadores ou até, quiçá, presidente.


Para esses, é mais complicado. Especialmente se apostarem no cavalo errado.


Mas o que mais espanta a tesoura de atarracar, são as teorias de algibeira (que valem pelo esforço dispendido na pesquisa cibernauta) que nos dizem frases feitas, apoiadas numa hipotética experiência que ninguém conhece e que, são debitadas como verdades e alternativas à actual e às anteriores gestões autárquicas.


Estando o ano de 2009 sob a influência de Plutão e sabendo-se que este planeta (que já não o é) provoca alterações e desequilíbrios nas pessoas, nas comunidades, nas sociedades e no mundo, será que é desta que o líder do bloco de esquerda é eleito presidente da autarquia?


Seria engraçado de ver como se passam de teorias (que enchem páginas e provocam espanto nos menos elucidados), a consequências práticas que invertessem o que (para o bloco de esquerda) parece estar completamente errado e adulterado.


Aguardemos. Pode ser que os astros nos ajudem. Ou não.


É verdade...
e no meio disto tudo, qual será o papel dos sociais-democratas? Talvez Diana ou Ártemis lhes consigam caçar um lugar ao sol…