sexta-feira, 24 de outubro de 2008

“Nouvelle adresse” – parte 2

“Entrevista com João Capitulo”.


O turismo está mesmo na ordem do dia. Temos o Sr. João Capitulo a falar, pela primeira vez em 1976, em turismo para Sesimbra. Passados 32 anos, continua a achar “que há que pensar o turismo aliado à pesca e às nossas tradições”.

Pois é. Mas há que fazer mais do que apenas pensar. Porque pensar, todos pensamos.

Mas como é que isso se faz? Há que também, apresentar propostas.

A tesoura de atarracar não percebe (talvez por não conseguir descodificar as frases politicas bonitas que enchem as salas), depois de muitos, terem vendido os seus terrenos e as suas casas para que outros promovessem a especulação imobiliária, como é que seria possível hoje, fazer com que as habitações existentes no burgo, fossem habitadas por famílias de pescadores e/ou pessoas que trabalham nas indústrias do pescado.

Nos dias de hoje, esse cenário é impossível. Ou, a ser possível, passaria pela expropriação das casas fechadas (de férias) e, pela oferta destas às famílias de pescadores. Será que é isto?

A tesoura de atarracar explica: hoje, o que é possível fazer (à semelhança de outras autarquias deste país), é obrigar a que os edifícios devolutos, velhos e fechados, sejam recuperados e alugados (com rendas pagáveis) a jovens que queiram continuar na freguesia e dar-lhe vida.

Basta que quem decide se esqueça dos familiares, dos amigos, dos conhecidos, dos herdeiros, … e imponha essa solução.

Nas novas construções que vierem a ser feitas no burgo, a autarquia só tem que prever na Revisão do PDM que, uma percentagem dos fogos seja obrigatoriamente para arrendamento à população radicada, com rendas favoráveis à instalação de famílias.

Isto sim, não é vago nem bonito. É duro e frio mas, exequível. E aí, a freguesia de Santiago deixará, aos poucos, de sofrer da desertificação que hoje a atinge.

Sobre a construção no concelho e a revisão do PDM, é fácil mais uma vez, dizer coisas bonitas e que sabemos que todos querem ouvir.

A tesoura de atarracar, em anteriores posts, já explicou que:

Em nenhuma parte deste país, com um PDM em vigor, é possível travar um projecto ou uma urbanização que cumpra os parâmetros urbanos.

A tesoura de atarracar explica mais uma vez que:

Se alguém tem um terreno onde pode fazer 50 casas, não faz só duas. Todos sem excepção, querem fazer o máximo a que têm direito e, reivindicam sempre, por mais. Nunca por menos.

Nos dias de hoje, neste concelho e nos outros, ninguém consegue dizer não a determinado projecto, que cumpra a lei, só porque acha que o projecto possui demasiada construção.

Porque como diz o nosso Jorge Sampaio, “a lei não são meras sugestões” que cada um gere a seu belo prazer.

Também em anterior post a tesoura de atarracar já explicou que quem define o uso do solo é o governo. Não são os partidos e políticos concelhios, não são as câmaras e muito menos, os proprietários.

Se assim fosse, dificilmente existiriam áreas denominadas como REN, RAN, naturais, ecológicas, de equipamentos, de zonas verdes, etc, etc, etc.

Esperemos pela revisão do PDM e aguardemos por aquilo que os proprietários irão reivindicar para os seus terrenos: se mais possibilidade construtiva ou se menos. E aqui, a tesoura de atarracar aconselha a edilidade a tornar públicas essas pretensões.

Talvez reflictam a vontade e a consciência de muitos proprietários, e alguns com responsabilidades.

E depois, aguardaremos pela coragem política de dizer “não”, aos familiares, amigos e conhecidos que querem mais possibilidade construtiva nos seus terrenos.

Sobre a mata de Sesimbra ser “um projecto puro de especulação imobiliária”, a tesoura de atarracar pergunta:

Então mas não são todos os projectos de maior dimensão e todos os grandes loteamentos que invadem o concelho?

Ou serão apenas projectos e loteamentos que cumprem o máximo que o PDM permite?

Qualquer obra é sempre um investimento financeiro que pode correr mal. Esperemos que não seja o caso e que, o conjunto de entidades que se pronunciaram sobre a mata, não se tenham todas, enganado.

A tesoura de atarracar não acredita que o conjunto de técnicos que se pronunciaram sobre a mata de Sesimbra, nomeadamente das entidades que representam o estado (CCDR, DGOT, ICN, …) se tenham enganado quanto ao cumprimento do PDM em vigor e, das normas urbanas aplicáveis.

Mal estaria Sesimbra, o distrito e o país.

Se “fosse presidente ou vereador… não ia pôr tudo em causa” mas defende para a mata uma “coisa que se coadune com Sesimbra”.

Uma “coisa”? O que é que isto quer dizer? Será um novo projecto? Um novo plano? Um novo modelo urbanístico? Um novo conceito? Uma nova abordagem?

Mas onde anda essa “coisa” alternativa ao que nós conhecemos?

A tesoura de atarracar ensina mais uma vez, um conceito básico: não existem projectos perfeitos. Há sempre várias soluções para a mesma “coisa”. Mas quando só aparece uma solução, não podemos esperar eternamente por outra “coisa” melhor.

Para isso já tivemos aquela velhinha história popular em que dizem que o Bocage andou toda a vida com um grande pano de fazenda às costas e quando lhe perguntavam para que era aquela fazenda ele respondia: já encontrei a fazenda perfeita, agora resta-me encontrar o modelo perfeito de casaco e mandar fazer, com ela, um igual. Morreu e nunca fez o casaco.

Deixemo-nos de utopias. E como a tesoura de atarracar já referiu, todos sabemos e percebemos mais e muito melhor de urbanismo do que aqueles que têm a habilitação, capacidade e criatividade para propor. Por isso, que saiam dos armários as “coisas” que são melhores e que se coadunam com Sesimbra.

Por fim a tesoura de atarracar não percebe porque é que é mau ter de sair do burgo e vir trabalhar para a freguesia do Castelo. Ou será que Sesimbra é só o burgo? Estaremos bem entregues a um possível candidato que faz esta diferenciação elitista…

Aposto na recuperação urbana dos centros históricos (…)”.

A tesoura de atarracar também mas, desta vez, não ensina como é que é possível fazer isso, porque o post já vai longo e afinal, como alguém já disse: “a tesourinha é um bloguer disfarçado de político” e cabe aos políticos, de vez em quando, apresentarem também eles propostas. Mesmo que lhes chamem “coisa”.

“(…) mas não na criação de desertos urbanos”.

Um grande final merece sempre uma grande “coisa”.


Aguardemos…

5 comentários:

Anónimo disse...

Poderei estar enganado mas este blog parece-me ser muito conformista com o actual poder local...Estranho! Estranho porque parece haver aqui um conjunto de justificações à cerca de várias opções políticas que não são "tesouradas" mas parecem "colagem de cartazes". O artigo de que fala, contrariamente ao que diz, pareceu-me muito pertinente, numa altura que existem forças ocultas no seio do PS de SSB a pressionar fortemente para a "colagem" de mais uma coalizão PS/CDU. Neste blog não se vê por exemplo nenhuma tesourada sobre o ordenamento catastrófico que se fez e continua a fazer no centro de Sesimbra. Parece-me muito fatalista essa sua abordagem ao artigo que comenta. «Já não há nada a fazer», «seria impossível», «como é que se faz?», este blog não faz avançar as questões, pelo contrário, continuemos iguais, quietinhos, a ver Sesimbra vazia a um Sábado à tarde cheio de sol, como aconteceu este FDS. Estamos bem!

Anónimo disse...

Parece que o bloguista não esteve cá nos ultimos tempos ! Ou será que não sabe que o plano da Mata ..."A COISA"....(apesar de ter sido feito pelos promotores ) é um plano da CMS e assumido por esta gestão autarquica ! Será que não sabe que "esta coisa" fundamenta-se num projecto "Turistico" do chamado Turismo Residencial que supostamente seria reprodutor em termos de desenvolvimento economico , como projecto estruturante de desenvolvimento do concelho ?! O que J.C. disse é que " a coisa" já não vai lá ! porque a coisa da bolha imobiliária está a estoirar e como aquilo não passa de especulação imobiliária , nem é preciso fazer muito para "a coisa" estoirar , o douto bloguista deve ter lido o que os gurus do imobiliario escreveram e disseram nas ultimas semanas que é ..." dinheiro para finaciar segunda habitação nos mercados do norte da europa (principal segmento alvo segundo os promotores da Mata) não há e não haverá por muitos e bons anos !

Aqules que denunciam "a coisa" há muito que o avisaram, e alguns profundos conhecedores (vide textos do Prof Pedro Bingre) anteciparam todos os recentes acontecimentos ! Ou será que o douto bloguista não sabe que só em Espanha faliram num ano mais de 40 000 ! empresas directamente ligadas ao imobiliario !


Mas há outros dogmas fantásticos ! o bloguista dixit ....Também em anterior post a tesoura de atarracar já explicou que quem define o uso do solo é o governo. Não são os partidos e políticos concelhios, não são as câmaras e muito menos, os proprietários.... Fantástico ! a proposta de passagem de solo rural a urbano na Mata foi do governo ??? e na revisão do PDM da Moita ?? tambem foi o governo??? uma mentira repetida não é forçosamente uma verdade

Mas tambem faz passar (gato escondido com rabo de fora !) uma profissão de fé nas entidades que emitiram pareceres sobre o proj da Mata, pois não os leu, senão veria como os técnicos foram críticos mas muito críticos !

O que JC dis é que "a coisa" tem que ser outra isto é tem que haver mudança de paradigma ! O curioso é que o douto bloguista defende a Mata por via do legalismo, assumindo que o projecto da Mata cumpre o PDM , mentira ! não cumpre ! aliás até tiveram que alterar uns artigozinhos á descarada ,mas mesmo assim continua a não cumprir ! Mas a procissão ainda vai no adro e felizmente ainda correrá muita tinta !
Tambem convem recordar que para dificultar "a coisa" o Ministro do Ambiente não autorizou a mudança da classificação do solo !

Mas é curioso que o douto bloguista não tenha comentado aquilo que J.C. lembrou , já existem autarcas a rever em baixa os PDM´s (isto é uma excelente proposta) e que qualquer autarca de futuro sabe que é isso que tem que ser feito aqui em Sesimbra e no país todo , pois se a carga edificada prevista no total dos PDM´s se realizasse Portugal teria habitação para 4 vezes a sua população!

Percebo a mossa de uma entrevista que fale de mudança , de ideais e de futuro ! infelizmente em Sesimbra tem imperado a mediocridade do debate , como se vê neste douto bloguista de perfil burocrata para quem não há mais mundo do que os regulamentos e posturas municipais!

Para finalizar um sábio nunca usa a palavra ensinar ... Este bloguista não ensina nada a ninguem .... a lição do burocrata fiel seguidor do aparelho já deu !

Anónimo disse...

O anónimo das 11.09, tal como o João Capitulo dizem algumas barbaridades tipicas de quem nunca leu o projecto, ou convém esquecer o que leu para poder defender o miserabilismo que normalmente até é tipico dos próprios comunistas.

Este não pode ser considerado um projecto exclusivamente de turismo habitacional, porque prevê que pelo menos 50% dos fogos se destinem ao aluguer de dia-a-dia.

Se os artigos foram alterados é porque não é normal ter uma ETAR num centro turistico, ou o anónimo e o JC preferiam que não houvesse turismo ali para poder manter ali a ETAR?

Por outro lado, continuar a abanar a bandeira das pescas para enganar alguns iletrados, é um argumento politico que já está fora de prazo porque até os ex-pescadores já não compram essa.

Sobre a mania que o Tesourinha tem que ensina alguém, concordo consigo. É um tique que só lhe fica mal.

Anónimo disse...

Não sei se o João Capitulo leu ou não o projecto da tal MATA, mas uma coisa sei eu é que Sesimbra não pode esquecer e trair os seus PESCADORES e nessa matéria eu estou 100% com o João Capítulo, até porque o conheço há muitos anos e sei a garra com que ele defende as Pescas na sua terra. Aliás não vejo mal nenhum nisso, antes pelo contrário.
Ele nasceu em Sesimbra, o que é que queriam? Que esquecesse as suas raízes?

Anónimo disse...

Não se trata de trair ou deixar de trair os Pescadores, estou certo de que os Pescadores querem o melhor para Sesimbra, tal como o resto dos Sesimbrenses. Mas digam-me uma coisa, qual o significado e a diferenciação económica e turistica de Sesimbra sem os Pescadores e a sua tipicidade? Eu não vejo nenhuma com significância.

David